Os meses passam e “Os dez compromissos do CDS/PP para com os portugueses que estiveram no Ultramar”, lidos e depois assinados pelo Dr. Paulo Portas, no dia 12.03.02, em um conhecido café-restaurante da baixa lisboeta, na presença de representantes das associações de espoliados, AEMO e AEANG, continuam bem presentes na nossa memória. No 3º compromisso escreveu-se: “Apresentar propostas de ressarcimento pelo Estado Português dos prejuízos sofridos pelos portugueses quando se apure que são directamente imputáveis por acção ou por omissão do Estado Português”. A situação económica que o País vive será argumento bastante para a solução ser protelada? Pensamos que não pois existe um longo e demorado caminho a percorrer antes de chegarmos ao previsto e desejado ressarcimento e consequentes implicações económico-financeiras. Vejamos o que consta do 2º compromisso: “Criar uma Comissão composta por representantes do Estado, do poder judicial, da sociedade civil e das associações representativas dos espoliados do Ultramar com a missão única de compilar e analisar todos os processos apresentados pelos portugueses que estiveram no Ultramar”. Até hoje, que saibamos, nada foi avançado neste sentido. E é fácil calcularmos o trabalho e tempo necessários para pôr em funcionamento a complicada máquina burocrática ( certamente “mal lubrificada”) que irá examinar, classificar e formalizar, nos termos legais, os mais de 60000 processos já arquivados e os outros milhares que aparecerão assim que “a luz for avistada ao fundo do túnel”. Devemos fazer cientes os nossos actuais governantes de que chegou a hora de serem dados os passos necessários no sentido de, quase 30 anos decorridos, serem atendidas as reivindicações dos espoliados do Ultramar, portugueses que não se esquecem de dever a anteriores governos PSD com destaque para o agora Primeiro Ministro, Dr. Durão Barroso, a devolução dos depósitos consulares e também alguns benefícios sociais. Outubro de 2006 aproxima-se e os espoliados querem acreditar nas promessas-compromissos que receberam e têm sido posteriormente apoiadas por políticos de outras áreas. Mas não deixarão de estar atentos ao sábio pensamento de Caio Petrónio, magistrado e escritor romano, 66 a.C.: “Assim como os animais se caçam com isca também os homens não seriam caçados sem um pouco de esperança”. Se a actual maioria política deixar
morrer a prometida esperança que, por enquanto ainda vai sustentando
um entusiasmo expectante, não haverá “isco” que a faça
ressuscitar nas urnas de voto em 2006.
Ângelo Soares
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